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Morre aos 96 anos Antonio Delfim Netto, ex-ministro da Fazenda e economista de destaque

Morre aos 96 anos Antonio Delfim Netto, ex-ministro da Fazenda e economista de destaque ago, 12 2024

Antonio Delfim Netto: Uma Vida Dedicada à Economia e à Política Brasileira

No dia 12 de agosto de 2024, o Brasil perdeu uma de suas figuras mais icônicas no campo da economia e da política. Antonio Delfim Netto, ex-ministro da Fazenda e um dos arquitetos do 'Milagre Econômico' brasileiro, faleceu aos 96 anos de idade. Delfim Netto estava internado desde o dia 5 de agosto no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, devido a complicações de saúde que, infelizmente, levaram ao seu falecimento.

Formação e Início na Política

Nascido em 1º de maio de 1928, Delfim Netto formou-se em Economia pela Universidade de São Paulo (USP), onde mais tarde se tornaria professor emérito. Sua carreira pública começou a ganhar destaque quando, em 1967, foi nomeado Ministro da Fazenda durante o governo militar. No seu período como ministro, o Brasil vivenciou o chamado 'Milagre Econômico', uma fase de crescimento acelerado da economia, com taxas anuais de crescimento do PIB superiores a 10%, controlando ao mesmo tempo a inflação.

Naquela era, Delfim Netto implementou políticas que resultaram em investimentos massivos em infraestrutura, industrialização e modernização do setor produtivo brasileiro. No entanto, sua gestão também é criticada pelo aumento das desigualdades socioeconômicas e pela repressão política, características daquele período autoritário.

De Ministro a Deputado

Após deixar o cargo de Ministro da Fazenda, Delfim Netto continuou a servir o país como Ministro do Planejamento de 1979 a 1985. Neste cargo, ele enfrentou desafios econômicos significativos, incluindo a crise da dívida externa que atingiu o Brasil e outros países latino-americanos no início dos anos 1980.

Com a redemocratização do Brasil, Delfim Netto fez a transição para a política partidária. Em 1986, foi eleito deputado federal, cargo que ocupou por cinco mandatos consecutivos. Durante seu tempo no Congresso, Delfim Netto foi uma voz ativa em debates econômicos, sempre buscando soluções para os desafios econômicos do país. Ele era conhecido por sua inteligência afiada, capacidade de análise profunda e, às vezes, por suas opiniões polêmicas.

Contribuições Acadêmicas e Jornalísticas

Antonio Delfim Netto também teve uma carreira prolífica como acadêmico e escritor. Autor de mais de dez livros e inúmeros artigos, ele escreveu sobre diversos aspectos da economia brasileira. Seus textos foram publicados em respeitadas revistas e jornais, como *Folha de S. Paulo* e *Valor Econômico*. Além disso, ele foi colaborador de longa data da revista *CartaCapital*, onde oferecia análises e comentários pontuais sobre questões econômicas contemporâneas.

Seu trabalho acadêmico e jornalístico ajudou a moldar o pensamento econômico no Brasil, influenciando gerações de economistas, estudantes e políticos. Seus livros são considerados leituras essenciais para quem deseja entender a complexidade da economia brasileira desde a segunda metade do século XX.

Vida Pessoal e Legado

Apesar de sua carreira pública intensa, Delfim Netto sempre manteve uma relação próxima com sua família. Ele deixa uma filha e um neto, que acompanharam de perto sua trajetória e compartilharam de seus momentos de vitória e adversidade.

Não haverá velório público, e o enterro será restrito aos familiares. Esta decisão reflete o desejo da família de manter a privacidade em um momento de dor e luto.

Antonio Delfim Netto será lembrado como uma figura complexa e influente na história do Brasil. Suas contribuições para a economia e a política são inegáveis, e suas ideias continuarão a ser debatidas e estudadas por muitos anos. Ele desempenhou um papel crucial em momentos-chave do desenvolvimento econômico do país, deixando um legado que será difícil de igualar.

Em um dos seus últimos artigos, Delfim Netto refletiu sobre o futuro do Brasil, enfatizando a necessidade de reformas estruturais e de um compromisso com o crescimento sustentável e inclusivo. Suas palavras, como sempre, ressoaram com clareza e urgência, e é assim que ele será lembrado: como um pensador visionário que dedicou sua vida ao serviço do país.