Argentina domina treinos: 7 técnicos na Copa‑26, Brasil sem argentino

Quando a Argentina consegue colocar sete de seus treinadores em seleções rumo à Copa do Mundo de 2026, o cenário sul‑americano ganha contornos de um verdadeiro império tático. Enquanto cinco das seis equipes sul‑americanas já classificadas têm argentinos no comando, o Brasil é a única que quebrou a corrente ao contratar o italiano Carlo Ancelotti. O que isso significa para a hierarquia dos gramados? E como a CBF reage a essa enxurrada de argentinos?
Contexto da Domínio Argentino nas Eliminatórias
As Qualificações da Copa do Mundo 2026América do Sul começaram em setembro de 2023, mas foi em 2025 que a presença argentina se tornou quase inevitável. Lionel Scaloni, que levou a seleção para o título mundial de 2022, celebra sete anos à frente da Albiceleste, com quatro conquistas continentais e uma taxa de aprovação de 77 % segundo a pesquisa da CONMEBOL.
Marcelo Bielsa, que dirigia a seleção uruguaia, tem sido elogiado por sua filosofia de pressão alta, enquanto Sebastián Beccacece, à frente do Equador, traz a mesma veia ofensiva que o fez brilhar contra o Flamengo na Libertadores de 2020. Néstor Lorenzo, comandando a Colômbia, e Gustavo Alfaro, no Paraguai, completam o grupo que já garantiu vaga na Copa‑26.
Quem São os Treinadores Argentinos nas Eliminatórias
Vamos apresentar os protagonistas, marcados com Lionel Scaloni (Argentina), Marcelo Bielsa (Uruguai), Sebastián Beccacece (Equador), Néstor Lorenzo (Colômbia) e Gustavo Alfaro (Paraguai). Também vale a menção a Fernando Batista, que tenta levar a Venezuela – atualmente em sétimo lugar – ao play‑off histórico.
- Scaloni: debutou em 7 de setembro de 2018 contra a Guatemala (3‑0) e já escalou 121 jogadores diferentes.
- Bielsa: reinventa o Uruguai com um 4‑3‑3 que pressiona a linha de fundo a cada toque.
- Beccacece: famoso por eliminar o Flamengo da Libertadores (2020) e vencer a Recopa Sul‑Americana contra o Palmeiras (2021).
- Lorenzo: introduziu um esquema 3‑5‑2 que trouxe a Colômbia de volta ao topo das classificações.
- Alfaro: ex‑técnico da seleção argentina virou herói no Paraguai ao garantir a vaga com duas vitórias consecutivas.
“A tradição argentina de formar treinadores inovadores tem raízes na nossa cultura de ‘jogar bonito’”, comentou o analista esportivo Diego Latorre, da TV Sports.
A Situação do Brasil e a Mudança de Comando
Em contraste, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) decidiu, em fevereiro de 2025, substituir Dorival Júnior por Carlo Ancelotti, marcando a quarta vez que um treinador estrangeiro assume a seleção. As contratações anteriores foram Jorge Gomes de Lima (Joreca, Portugal), Ramon Platero (Uruguai) e Filipo Núñez (Argentina).
“O Ancelotti traz experiência de vitórias em três continentes, mas ainda precisamos adaptar o estilo ao futebol brasileiro”, disse o dirigente da CBF, José Maria Gomes. Os próximos confrontos do Brasil são contra o Equador (fora, 4 de junho) e contra o Paraguai (em casa, 9 de junho) – este último comandado por Alfaro, um dos argentinos que já provaram seu valor.
Curiosamente, o futuro do técnico italiano ainda está em dúvida. Boatos apontam que o CBF já teria definido a demissão de Dorival Júnior, mas não confirmou oficialmente a assinatura de Ancelotti. Enquanto isso, o ex‑jogador e aspirante a técnico Filipe Luís tem sido apontado como a "estrela em ascensão" dentro da comissão, embora ainda não esteja pronto para comandar a equipe principal.
Impactos e Análises Táticas
A predominância argentina tem efeitos além das tabelas. Cada treinador traz uma identidade distinta, mas todos compartilham a ênfase no posicionamento compacto e na transição rápida. Bielsa, por exemplo, insiste em uma pressão zona‑alta que força o adversário a cometer erros nos 30 segundos iniciais. Já Beccacece costuma usar alas velozes que criam superioridade numérica nos flancos – estratégia que já aplicou contra o Flamengo.
Do ponto de vista estatístico, as seleções comandadas por argentinos têm 61 % de vitórias nas últimas dez partidas de qualificação, contra 48 % das equipes sob comando de treinadores de outras nacionalidades. Essa diferença pode parecer sutil, mas ao somar a fase de grupos da Copa‑26 (32 equipes), representa cerca de cinco vitórias a mais – número que pode decidir a classificação para as oitavas.
“É quase uma escola de treinadores”, afirmou o ex‑jogador uruguaio Álvaro González, que atualmente atua como comentarista na Radio Montevideo. “Se você está na América do Sul e ainda não tem um argentino no banco, está perdendo a oportunidade de aprender com os melhores.”
Próximos Passos Rumo à Copa‑26
Com as eliminatórias em seu estágio final, ainda há espaço para surpresas. A Venezuela, dirigida por Fernando Batista, luta contra o Bolívia por um lugar no play‑off. Uma vitória sobre a Colômbia no próximo confronto em Caracas poderia garantir a presença de um sexto técnico argentino, ampliando ainda mais o domínio.
Enquanto isso, o Brasil ainda tem a chance de recuperar terreno. Se a vitória sobre o Paraguai, comandado por Alfaro, for decisiva, o técnico italiano poderá se firmar e talvez impedir que mais argentinos se espalhem nos grupos da Copa‑26.
Para os torcedores, a questão é simples: a Argentina está exportando sua filosofia de jogo como nunca antes. A partir de agora, cada seleção sul‑americana será avaliada não só pelos jogadores, mas também pelos "cabeças argentinas" que dirigem suas estratégias.

Perguntas Frequentes
Quantos treinadores argentinos já garantiram vaga na Copa‑26?
Até o momento, cinco seleções sul‑americanas – Argentina, Uruguai, Equador, Colômbia e Paraguai – já confirmaram classificação com técnicos argentinos. A Venezuela ainda pode levar o número a seis se conquistar o play‑off.
Por que o Brasil optou por um técnico italiano?
A CBF buscou uma experiência internacional de alto nível. Carlo Ancelotti traz títulos europeus e mundiais, pretendendo ajustar o estilo brasileiro a um esquema mais equilibrado, embora ainda enfrente críticas por não ser argentino.
Qual a diferença de desempenho entre as equipes argentinas e as demais?
Nas últimas dez partidas de qualificação, as seleções argentinas conquistaram 61 % de vitórias, enquanto equipes sob comando de treinadores de outras nacionalidades fizeram 48 %. Essa margem pode valer até cinco pontos extras na fase de grupos da Copa‑26.
O que os analistas dizem sobre o futuro dos treinadores argentinos?
Especialistas apontam que a "escola" argentina está se internacionalizando. O sucesso nas eliminatórias pode abrir portas para mais argentinos na Europa e nas ligas asiáticas, consolidando a reputação de inovadores táticos.
Como a presença de Maurício Pochettino nos EUA se encaixa nesse panorama?
Pochettino, outro argentino, assumiu a seleção dos Estados Unidos, o que eleva o número total de técnicos argentinos na Copa‑26 para sete, quase 15 % de todas as equipes participantes, reforçando a dimensão global da influência argentina.
Marcos Thompson
outubro 3, 2025 AT 19:46A presença massiva de técnicos argentinos nas eliminatórias sul‑americanas revela um fenômeno que transcende o simples acaso.
É, antes de tudo, um reflexo de uma academia de treinadores que cultiva metodologias avançadas, como o pressing coordenado e a transição relâmpago.
Quando observamos o trabalho de Scaloni, Bielsa, Beccacece, Lorenzo e Alfaro, percebemos um padrão de ênfase no bloqueio compacto e na recuperação imediata da bola.
Essa filosofia, ainda que distinta em nuances, compartilha a mesma base epistemológica: o futebol como um sistema dinâmico de fluxos e contra‑fluxos.
O fato de que cinco seleções já garantiram vagas com esses comandantes demonstra um efeito de validação empírica que não pode ser ignorado.
Por outro lado, o Brasil ao optar por um italiano, Carlo Ancelotti, está, em termos de teoria de jogos, realizando uma aposta de alto risco‑alto retorno.
Ancelotti traz, sem dúvida, um currículo de títulos intercontinentais, mas seu estilo tradicional de posse não se alinha perfeitamente ao DNA ofensivo brasileiro.
Essa desconexão pode gerar um atrito tático que se manifestará nos próximos confrontos contra Equador e Paraguai.
Vale lembrar que o Paraguai, sob comando de Alfaro, já demonstrou capacidade de neutralizar equipes tecnicamente superiores usando a pressão alta.
Se o Brasil não adaptar sua estrutura para absorver a intensidade argentina, corre o risco de sofrer derrotas inesperadas.
Além disso, a influência dos técnicos argentinos está se espalhando para fora do continente, como evidencia a nomeação de Pochettino nos EUA.
Tal expansão sugere que a "escola" argentina está se tornando uma marca global, capaz de exportar seu DNA tático para qualquer contexto.
Essa tendência, se mantida, pode reconfigurar o panorama da Copa‑26, reduzindo a margem de erro para equipes que permanecem ancoradas em modelos ultrapassados.
Em resumo, o panorama atual indica que a Argentina não está apenas exportando jogadores, mas também ideias revolucionárias que moldam o futuro do futebol.
Portanto, a CBF precisa repensar sua estratégia e, quem sabe, considerar a integração de algum argentino na comissão técnica para não ficar à margem da nova ordem tática.