Ramón Díaz transforma Alan Patrick em falso 9 e aposta no camisa 10 para salvar o Internacional em 2026
Na noite de uma vitória por 2 a 0 sobre o Botafogo no Beira-Rio, Alan Patrick não apenas marcou o primeiro gol — como reinventou seu papel. Com um movimento sutil, cortando da esquerda para o centro, aproveitando um erro do goleiro adversário, o camisa 10 do Sport Club Internacional virou a figura central de uma nova identidade tática. O arquiteto por trás disso? O técnico argentino Ramón Díaz. E o plano? Não é um experimento passageiro. É a pedra angular da sobrevivência do Inter em 2025... e da reconstrução para 2026.
Um falso 9 que não nasceu ontem — mas voltou com propósito
Alan Patrick já foi falso 9 antes. Em 2023, sob o comando de Eduardo Coudet, ele ocupava o espaço entre as linhas, atraía zagueiros e abria espaços para Vitinho e Carbonero. Mas Díaz, em sua chegada em maio, preferiu recuá-lo para o meio-campo tradicional. O resultado? Um início de temporada irregular. Ele tinha qualidade, mas não impacto. Até que, no empate com o Bahia, algo mudou. O técnico notou que, mesmo sem gols, Patrick movimentava a defesa adversária como ninguém. Foi então que decidiu: vamos testar de novo. E não como ajuste, mas como estratégia. No jogo contra o Botafogo, ele não só marcou — como se tornou o centro de gravidade do ataque. Sem ser o centroavante, ele aparecia onde o adversário menos esperava. Aos 9 minutos, quando o goleiro saiu mal de seu gol, Patrick estava lá. Não por acaso. Por planejamento. A foto de Ricardo Duarte/Internacional mostra ele comemorando com os braços abertos — não como um artilheiro, mas como um líder que entendeu sua nova missão.Seca de gols e pressão de rebaixamento
Mas aqui está o paradoxo: mesmo sendo o artilheiro do time em 2025 — 19 gols em 45 jogos, 44 como titular — Alan Patrick vive seu maior jejum da temporada. Cinco jogos sem marcar. Dez sem assitir. 525 minutos sem tocar a rede. E isso inclui dois jogos perdidos por lumbago. A pressão cresce. O Inter está na 15ª posição, com apenas 1 ponto de vantagem sobre a zona de rebaixamento. A cada partida sem gol, os torcedores se perguntam: será que ele ainda é o homem certo? A resposta de Díaz foi clara: "Não é sobre ele, é sobre o sistema." E o sistema agora é o 3-4-3 com Patrick como falso 9. Um formato que ele conhece, mas que exige mais dele do que nunca. Não basta ser bom no passe. Ele precisa ser ameaça constante. Precisa ser o que o time não tem: um centroavante que não precisa ser alto, mas que sabe onde o gol está antes de todos.
As peças ao redor: quem sustenta esse novo Inter
A formação esperada para o duelo contra o Atlético-MG, em 2 de setembro, é clara: Ivan Quaresma no gol; Clayton Sampaio, Paulão Mercado e Juninho na zaga; Bruno Gomes (no lugar do lesionado Aguirre), Luís Otávio, Thiago Maia e Bernabei no meio; e Vitinho, Alan Patrick e Carbonero na frente. Mas o verdadeiro motor é o camisa 10. Bruno Gomes, que foi movido para a direita por necessidade, agora tem a tarefa de cobrir espaços que Patrick deixa vazio ao cortar para dentro. Thiago Maia, o líder de marcação, precisa liberar Patrick para que ele não se canse demais. E Carbonero? Ele é o contraponto: mais vertical, mais direto. Enquanto Patrick atrai, Carbonero ataca. É um jogo de espelhos. O técnico e seu assistente, Emiliano Díaz, já sinalizaram que não voltarão atrás. Mesmo após a derrota por 1 a 0 para o Fluminense no Maracanã, a ideia permanece. "A equipe precisa de um ponto de referência. Ele é esse ponto", disse Emiliano em coletiva.Por que isso importa para 2026
O Inter não está apenas tentando fugir do rebaixamento. Está construindo algo maior. A diretoria já sinalizou que 2026 será o ano da renovação. E Alan Patrick, aos 31 anos, é o elo entre o passado e o futuro. Ele é um dos poucos jogadores com experiência em Libertadores, com liderança natural e inteligência tática. Se ele se reinventar como falso 9, o Inter pode não só sobreviver — como se tornar um time difícil de ser batido. Isso não é só sobre gols. É sobre controle. É sobre criar confusão na defesa adversária sem precisar de um centroavante tradicional. É sobre transformar um jogador que está em crise em um catalisador. E Díaz, experiente, sabe que times que sobrevivem não são os mais fortes — são os mais inteligentes.
Alan Patrick: o homem que não quer ser herói, mas sim peça
"Estou sempre para ajudar. Procuro respeitar as funções em campo e não desorganizar o time. Sou um meia, camisa 10. Ajudo na articulação das jogadas. Estou à disposição e quero poder dar o meu melhor para potencializar a equipe", disse Patrick em entrevista. E ele não fala por falar. Ele vive isso. "Futebol é coletivo e quando a equipe passa por dificuldade, ninguém consegue resolver nada sozinho. É claro que cada um tenha a sua responsabilidade em campo. Precisamos estar fortes em todas as áreas. O coletivo forte aumenta a nossa confiança para individualmente cada um produzir com liberdade." Essa frase, mais que um discurso, é um manifesto. Ele não quer ser o salvador. Quer ser o centro. O ponto de partida. O que faz os outros brilharem. E talvez, justamente por isso, ele esteja no caminho certo.Frequently Asked Questions
Por que o falso 9 é a solução para o Inter agora?
O Inter não tem um centroavante de referência desde a saída de Gabigol. O falso 9 permite que Alan Patrick, com sua visão e movimentação, atraia zagueiros e abra espaços para Vitinho e Carbonero. Isso cria mais opções de ataque sem precisar de um atacante tradicional, algo que o time não possui em qualidade. Além disso, Patrick já domina esse papel, o que reduz o tempo de adaptação.
Alan Patrick ainda tem condições físicas para jogar como falso 9?
Apesar da lumbago que o afastou por dois jogos, os boletins médicos indicam que ele está recuperado e treina normalmente. O falso 9 exige mais inteligência do que explosão — e Patrick, aos 31, ainda tem excelente leitura de jogo. O desgaste físico é menor do que em um atacante puro, o que ajuda a preservar sua durabilidade até o fim da temporada.
Qual é o risco dessa mudança tática?
O maior risco é deixar o ataque sem referência de finalização. Se Patrick não marcar, e os laterais não se posicionarem bem, o Inter pode ficar sem ameaça real na área. Além disso, se Bruno Gomes não cobrir bem o lado direito, o time fica vulnerável em contra-ataques — algo que times como Atlético-MG e São Paulo exploram bem.
Como isso afeta o futuro de Alan Patrick no Inter?
Se ele se consolidar como falso 9, pode se tornar peça-chave para 2026, mesmo com sua idade. O Inter não tem um substituto de qualidade para esse perfil. Se ele continuar influente, pode ter seu contrato renovado até 2027. Além disso, seu desempenho pode reacender o interesse da seleção brasileira, algo que estava esquecido desde a lista preliminar de Ancelotti.
O que acontece se o Inter não sair da zona de rebaixamento?
Se o Inter for rebaixado, a estratégia de Díaz será questionada. Mas o falso 9 com Patrick pode se tornar um modelo para o futuro — até em outras equipes. O problema não é o sistema, mas a falta de profundidade no elenco. Sem reforços de qualidade, qualquer tática sofre. A sobrevivência depende de Patrick, mas também de toda a diretoria acertar nas contratações de inverno.
Alan Patrick é o novo líder do Inter?
Sim. Mesmo sem a braçadeira, ele é o líder silencioso. É o jogador que mais fala no vestiário, que orienta os jovens e que nunca se esconde nos momentos difíceis. Sua atuação como falso 9 é também um ato de liderança: ele aceitou uma função nova, sem reclamar, e está disposto a fazer o que for preciso. Isso é mais valioso do que qualquer gol.